O fubá artesanal feito no moinho de pedra pela família Corrêa é carregado de muita história e tradição. Atualmente, o moinho está localizado no Sítio São Luiz, bairro do Livramento, em Socorro, remontado pela força de vontade de avô Albino Corrêa, aos 78 anos de idade, para homenagear seus pais já falecidos, Plinio Corrêa e Antônia Corrêa.
Em entrevista, o senhor Albino Corrêa conta como funciona o moinho que voltou a funcionar e tem atraído a atenção.
Como é o processo de fabricação?
Na parte superior do moinho existe uma peça chamada moeda onde colocamos o milho, esta peça tem uma bica que solta o milho aos poucos em uma caneca no centro de um pedra que gira em cima de outra pedra que é parada, o movimento desta pedra sobre a outra produz o fubá que cai dentro de um caixote de madeira de onde é recolhido, peneirado, pesado e embalado em pacotes de 1 kg.
O moinho rende de 6 a 7 quilos por hora.
Qual o diferencial deste fubá?
O nosso fubá é feito puramente de milho, sem nenhuma mistura; além disso, o milho não a pelo processo de canjicação que tira o amido do milho, e sem falar que é feito com muito amor e carinho por mim Albino e minha esposa Terezinha Corrêa.
Desde quando fabricam o fubá artesanal?
O moinho começou a ser remontado após o início da pandemia de COVID-19 e começou a fabricar fubá novamente no dia 20 de setembro de 2020, data de sua reinauguração.
As pessoas quando ficam sabendo do fubá feito no moinho de pedra, vem até em casa para comprar e até mesmo para conhecer o moinho e meu neto Leonardo entrega alguns quilos sob encomenda (19 99107-2212).
Como tem sido a repercussão?
Após a remontagem, todos da família Corrêa e também amigos que conheceram o moinho quando jovens – principalmente os irmãos de meu avô que ao verem o moinho funcionar se recordam muito de sua infância e também de seus pais – ficaram muito emocionadas a ver novamente o fubá sendo produzido em nosso sítio.
Algo mais?
Eu agradeço muito a meus pais, que me deixaram essa herança tão linda e importante para a história do bairro, a meus familiares e amigos que contribuíram para que eu pudesse estar realizando esse meu sonho, ao Jornal O Município por ajudar a contar a história de minha família e acima de tudo a Deus, pois sem ele nada somos.
“O senhor Plínio Corrêa, meu bisavô montou o moinho de fubá em 1940 e ele foi desativado em 1982 por motivo de seu falecimento.
Neste meio tempo em que funcionou, as maiores famílias do bairro traziam o milho para trocar em fubá, dentre elas as famílias Ficher, Ferrari, Muciacito, Buzeto, Vancini e muitos outros moradores e amigos do bairro.
Meu avô, Albino Corrêa, filho de Plínio conta que a troca funcionava da seguinte forma: o milho era trocado em litros, 20 litros de milho rendiam 30 litros de fubá, o dono do milho ficava com 20 litros de fubá e os 10 restantes eram do dono do moinho.
Durante os 38 anos em que funcionou o moinho foi movido pela força do ribeirão do bairro, a mesma roda d’água que movia também um monjolo com o qual era fabricado a farinha de milho.
Após desativado, as peças do antigo moinho ficaram guardadas em segurança pelo meu avô desde 1982 até 2020, quando durante a pandemia sem poder sair de casa ele se empenhou em remontar ao lado de seu genro, Fábio Luis Aparecido Caprânico (meu pai) e seu filho Márcio Corrêa, o moinho da família Corrêa.
A princípio o moinho seria somente para exposição, mas logo que as pessoas ficaram sabendo que ele estava funcionando novamente se interessaram e então decidimos começar a vender.
Hoje em dia o moinho não funciona mais à roda d’água e nem fica mais no mesmo local. Ele funciona a energia elétrica e fica em uma casinha na entrada do sítio feita própria para ele”.
Leonardo Luiz Correa Capranico, neto de Albino