Até o final do ano começa a funcionar o Instituto Lorena, com atividades de Equoterapia, voltadas ao desenvolvimento de crianças com necessidades especiais. O projeto foi idealizado pelo casal paulistano Luciano e Danielli Giusti que, após o nascimento da filha, sentiram o desejo de fazer algo pelo próximo. “Eu fui ajudado na minha vida. Não somos ricos, mas depois da Lorena eu sinto essa necessidade”, revela o pai.
A prioridade será atender gratuitamente crianças e adolescentes de baixa renda. Aqueles que tiverem condições irão arcar com os custos.
O Jornal O Município visitou as obras do futuro empreendimento, no Bairro Cardoso. A infraestrutura prevê: baias para os cavalos, redondel coberto, pista, pasto, alojamento e espaço de convivência, com vista para a natureza. Tudo vem sendo construído com muito amor. E é para lá que irão os dois primeiros animais recém adquiridos pela família: Lua e Iô Io.
Como chegaram até Socorro?
Luciano e Danielli Giusti conheceram a cidade durante a pandemia, adquirindo a propriedade, através de um anúncio na internet. Também são pais de Gabrielli e Antonella. Adoraram Socorro. Durante o período, as meninas estudaram na escola Viverde. Posteriormente, voltaram a São Paulo, onde nasceu Lorena, que também tem outros dois irmãos mais velhos: Leonardo e Raphael.
Equoterapia estará sob liderança de Fernando Zampoli
Nas vindas a Socorro, o casal que frequentava muito o Bairro Pereiras, foi conhecer o FZ Cavalos, para tirar uma ideia sobrea construção das baias. Viram que estavam na direção certa, quando lá encontraram aquele que foi o pioneiro na equoterapia em Socorro: Fernando Zampoli.
O ano era 1997, quando o então domador foi até Brasília/DFpara fazer o primeiro curso, juntamente com os profissionais da APAE local. As aulas – liberadas após avaliação médica – aconteciam toda sexta-feira. Com o aumento da demanda, abriram nova turma às segundas. Foi um trabalho muito prazeroso, que trouxe muitas conquistas para os alunos. Durou até 2008,quando encerrou por falta de novos voluntários envolvidos no projeto, que demandava profissionais na área de terapia ocupacional, fisioterapia, fonoaudiologia, psicologia, entre outros. Hoje, com reciclagem nas técnicas, Fernando está disposto a recomeçar e escrever um novo capítulo da história.
Busca por voluntários
Com parceria fechada com o instrutor das aulas, Fernando Zampoli, a fase agora é de busca de profissionais voluntários que queiram doar seu tempo e se juntar a nobre causa. “Temos bastante trabalho pela frente. Sabemos da importância das terapias para essas crianças.
Precisamos de parceiros que acima de tudo amem sua profissão”, finalizam. Contato – Quem quiser saber mais ou ajudar, e o
Instagram @instituto_lorena.
Benefícios da Equoterapia
Equoterapia é um método terapêutico e educacional, que utiliza o cavalo dentro de uma abordagem multidisciplinar, nas áreas de saúde, educação e equitação. Oferece múltiplos benefícios, abrangendo melhoras físicas, emocionais e sociais, sendo especialmente benéfica para pessoas com deficiência ou necessidades especiais. Estes incluem melhoria da coordenação motora, equilíbrio, força muscular, sensibilidade tátil, visual e auditiva, além de desenvolvimento da autoconfiança e socialização.
Quem é Lorena?
Lorena é o nome da caçula do casal, de 1 ano e 9 meses, portadora da Síndrome Down e que desde cedo, lutou muito pela sua vida. Mesmo com todo cuidado, ainda na gestação, nasceu de 30 semanas, pesando 1,215kg, no dia 15 de julho de 2023. Prematura, foi diagnosticada com cardiopatia, conhecida como CIV. Precisava ganhar peso para poder operar. Com três meses de UTI, Lorena foi operada, chegando ao estado gravíssimo. “Eu via um bebê que precisava da mãe, e eu era a mãe”, conta Danielli. Emocionada, relembrou
os dias difíceis em que chegou a questionar a Deus. As medicações eram tantas e Lorena não podia nem se mexer para não afetar os drenos. Seus rins pararam, teve derrame pleural, infecções… Precisou do chamado Prisma, um sistema de terapia de substituição renal
contínua, utilizado em pacientes graves.
“Mas eu tinha certeza que ia levar ela embora para casa… Num dia triste, eu bati lá em Aparecida, preguei o joelho no chão, pedi…”, lembrou o pai. No dia seguinte, a menina fez xixi, dando o primeiro sinal de reação; e as sedações começaram a ser retiradas. aram o Natal ainda no hospital e, no dia 29 de dezembro daquele ano, quase 6 meses depois, foram para casa, toda preparada para a continuidade do tratamento “home care”.
Naquele momento, o desafio era Lorena apreender a mamar sozinha. Tomava 12 remédios/dia. “A gente não dormia, mas já estávamos felizes porque ela estava mamando um pouco mais”, contam.
Numa noite, a própria menina tirou sozinha sua sonda e eles resolveram não colocar mais. Se alimentando e crescendo, logo iniciaram a introdução alimentar e foi só evolução. Hoje Lorena toma apenas duas vitaminas, normais para sua idade e faz terapias. “Ela veio para nos
ensinar”, agradecem os pais.