“Doar livros é um ato de amor. É compartilhar histórias que você leu, sentiu e viveu”, afirma Fábio dos Santos Godoi, responsável pelo acervo com mais de 15 mil itens da Biblioteca de Socorro.
Ele conta que muitas pessoas levam doações para a biblioteca, porém não é uma garantia que esses itens entrem para o acervo municipal. “Existem alguns critérios a serem seguidos para o recebimento de obras para o nosso acervo. Pode acontecer que de 100 livros doados, apenas 20 entrem para o acervo”, diz ele.
Um exemplo frequente de doações que a biblioteca recebe são enciclopédias consideradas “novas em folha”, porém são datadas de 1960. “Infelizmente essas enciclopédias estão totalmente desatualizadas. Livros mofados e empoeirados, e até mesmo listas telefônicas compõem os materiais recebidos mensalmente de doações. É um material inviável para nossa biblioteca, pois ela não se resume a um simples depósito de materiais bibliográficos”, afirma o bibliotecário.
Segundo Fábio, uma biblioteca pública, por exemplo, deve ter uma coleção generalista. Isso significa que seu acervo deve dar a dimensão a um leitor da totalidade do conhecimento humano de forma geral. Além da guarda permanente da literatura e autores locais.
“Assim, livros muito específicos como jurisprudência de algum tribunal ou técnicas de amputações para médicos, exemplos de livros doados, não entram no acervo; por não ter demanda e não ser a função que a biblioteca pública como a do porte de Socorro deve atuar. Esse tipo de material seria para uma biblioteca universitária que tem cursos de direito e medicina ou bibliotecas especializadas. Livros que abordam de forma geral uma área do conhecimento é mais adequado”, explica ele.
Segundo o bibliotecário existe uma política de desenvolvimento de coleção e desbaste. “Na área da Biblioteconomia, desenvolver coleção e desbastar é um ato de escolher quais livros devem entrar e quais devem sair da estante. E quando falamos em “sair da estante”, se trata de retirar não só o livro daquele espaço físico, mas deixar indisponível à comunidade que a Biblioteca atua”, explica ele, complementando. “Em contrapartida, colocar um livro disponível é uma atividade muito importante, pois o espaço físico é limitado e o livro disponível na estante deve ter um sentido de estar lá.
Isso significa que um livro retirado ou colocado no acervo da biblioteca pública deve ser defensável, isto é, ter motivos fortes para defender sua permanência ou saída. Assim, por ser um ato muito importante, as escolhas dos critérios são baseadas em vários itens, como: um estudo de comunidade e suas necessidades; local onde a biblioteca se situa; usuários que atende e pretende atender”.
Fábio lembra que a análise dos itens bibliográficos é constante, isto é, não é somente a entrada do item ao acervo que deve ser considerada, mas também a permanência dos que já estão. “A biblioteca é um ser vivo, seu acervo deve se modificar ao longo do tempo. Livros que fariam sentido em 2002, como por exemplo, como usar o Windows 98, hoje não faz mais sentido estar disponível na estante e assim por diante”, conclui ele.
Faça uma visita!
A Biblioteca Municipal “Professora Esther de Camargo Toledo Teixeira” fica aberta de segunda a sexta-feira, das 8h30 às 18h30, e está localizada no Palácio das Águias, Rua Dr. Campos Salles, 177, Centro. Para mais informações, entre em contato pelo telefone (19) 3895-4252, ou Instagram instagram.com/bibliotecadesocorro.